Sistemas informatizados e administrativos são os pilares para a troca de informações entre empresas que deram origem ao projeto denominado Eco-Kanban, para reaproveitamento de resíduos industriais. O tema serviu para tese de doutorado de Miroslava Hamzagic, docente da Universidade de Taubaté (Unitau) em Engenharia de Produção pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli/USP), sob orientação do professor doutor Paulino Francischini.

Para o desenvolvimento da sistematização de informação sobre resíduos industriais, o trabalho – intitulado Eco-Kanban: sistematização no reaproveitamento de resíduos industriais – utiliza o conceito Kanban. O método é empregado pela indústria para controlar a produção e o estoque por meio de cartões visuais que determinam decisões relativas à prioridade de produção ou à preparação das máquinas, por exemplo.

As decisões são tomadas de acordo com a quantidade de cartões disponíveis nos quadros localizados entre os centros produtores no chão de fábrica. Portanto, o Kanban é um sinal de produção que, quando visualizado, autoriza a produção de uma quantidade de material previamente acordada entre o cliente e o fornecedor.

O Eco-Kanban permite visualizar a quantidade e a frequência da geração de resíduos, dados necessários para planejar a reutilização do material. Por isso, usa o resíduo como sinal de produção: uma mensagem automática de start é lançada no sistema para dar início a um novo processo produtivo. A intenção é que os resíduos gerados pelo cliente sejam reutilizados pelo fornecedor na produção de mais matéria prima: a cada volume gerado, o fornecedor é autorizado a produzir uma determinada quantidade de matéria prima.

Assim, além de informar a existência de resíduos, o Eco-Kanban atua também como ponto de partida para novas ordens de produção. Segundo Miroslava, uma vez definida a viabilidade técnica de reaproveitamento, a frequência e a quantidade de geração, os resíduos podem ser rapidamente reabsorvidos pelo conjunto de empresas que participam da troca de informações.

Para o desenvolvimento do método, foi realiza um teste que teve início em 2008 envolvendo quatro empresas, entre elas uma fabricante de turbinas, reatores e motores. A professora diz que os resultados das participantes foram positivas com a aplicação do Eco-Kanban, incluindo ganhos financeiros, redução do custo de matéria prima e diminuição do acúmulo de resíduos dentro das empresas.

O trabalho foi vencedor do Prêmio Brasil de Engenharia 2011 na categoria resíduos sólidos.
Fonte: Revista Máquinas e Metais - Maio/2012

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